Logan Gabriel é um garoto de apenas 11 anos, que vive no Jardim Glória. Ele tem nome de Super-Herói, daquele famoso desenho em quadrinhos (HQ) americano X-Man, em que o personagem principal tem garras nas mãos e todas as vezes que o machucam ele se regenera e ganha mais força para lutar contra os vilões. A vida de Logan também dá uma bela história, mas ela pode ser contada por ele mesmo através de sua maior arte, que é o ato de desenhar.
O garoto Logan despertou para a vida depois de muito persistir em mostrar para as pessoas ao seu redor que tinha um dom, mesmo ninguém notando o quanto ele é talentoso. De sorriso fácil, ele encanta a todos por onde passa nos corredores do Instituto, com seu jeito e seus traços no papel.
E foi com essa vontade de mostrar que o desenho é o que mais ama nessa vida, que Logan encontrou um grande motivo para sonhar, ao aprender sobre o universo dos desenhos com o professor de inglês do INJR, Leandro Xavier, que também é ilustrador e tem a mesma paixão que seu aluno, por isso passou a ensinar as técnicas para Logan.
Mas antes do pequeno Super-Herói chegar às mãos do teacher Leandro, ele foi descoberto na sala mais propícia para que isso acontecesse, a de artes. O psicólogo do Instituto, Daniel Aguado, viu em Logan o despertar de um interesse muito comum em todas as crianças, mas que em poucas a atenção foi chamada pelo talento mostrado.
“Todos os desenhos livres ou nas atividades propostas ele sempre se interessou e logo no começo ele mesmo vinha mostrando os desenhos dele e falando que na escola dele passava despercebido. Então achei interessante ter um pouco mais de atenção no desenho dele para passar para o professor Leandro ensinar as técnicas de desenho apropriadas para ele”, contou.
Só que foi em mais uma tentativa de mostrar a sua arte que Logan conquistou o seu objetivo inicial no Instituto. Foi visto e, melhor ainda, deu início a um projeto que os professores das atividades educacionais querem colocar em prática, que é um grupo de estudos sobre desenhos. O primeiro aluno já foi identificado, como ele mesmo explica.
“Ele viu isso (dom de desenhar) em mim quando eu fazia aula com ele. Ninguém da minha família tinha descoberto isso; aí em um desenho que fiz ele (Daniel) percebeu que eu desenhava bastante. Ele foi vendo e gostando, até que em um ponto ele chegou e falou que eu ia ter umas aulas com o professor Leandro”, disse.
Depois desse dia, a alegria de Logan ganhou mais vida ainda. Morando com os avós, ele foi direto contar a novidade para sua avó Nildete, até que então sua família despertou junto de Logan para o amor encontrado na arte de desenhar. “Ela ficou emocionada, começou a chorar e não pensava que eu sabia. Ela pensava que eu ia ser uma pessoa ‘normal’. Ela nem sabia que eu desenhava. Eu tentava mostrar para ela que eu era bom no desenho, mas ela não conseguia perceber”, disse.
Logan gosta de desenhos que remetem às animações de cartoon. Os seus favoritos são “Hora de Aventura” e “Apenas um Show”, do canal de TV Cartoon Network. E após esse interesse demonstrado, Logan chegou aos cuidados do professor Leandro, que além de dar aulas de inglês no INJR, também realiza trabalhos de design gráfico.
“O Daniel percebeu que o Logan destoava da média, que tinha uma capacidade maior e aí ele me trouxe, porque sabia que eu trabalhava com isso. O Logan me mostrou os desenhos dele e eu percebi que ele realmente tem alguma coisa a mais. Então surgiu essa ideia de começar com ele e se tudo der certo a ideia pode até crescer com outras crianças”, contou.
E depois de terem oito aulas, sendo duas vezes na semana em 50 minutos de aprendizado, que a dupla Logan e Leandro já se entendem perfeitamente e mostram seu entrosamento na relação entre professor e aluno. Para Logan, os ensinamentos de luz, sombreamento, estilos de desenho, perspectiva, entre outros, é um verdadeiro paraíso e a sensação de criar um desenho é algo que o transforma.
“Eu me sinto outra pessoa. Eu gosto muito de desenhar. Eu não acredito quando termino o desenho e eu até que sou um pouquinho exigente, mas quando eu não consigo (chegar ao resultado desejado) eu fico tentando até conseguir”.
Mesmo que em pouco tempo juntos, Leandro notou grande avanço em Logan. Dedicado e animado com o fato de poder se expressar através de uma folha de papel e um lápis, Logan é incentivado pelo professor com seus elogios.
“Já fizemos oito aulas e a principal mudança está na técnica de mão dele. Ele fazia o que a gente chama de traço peludo, quando você deixa sua mão parada e fica rabiscando várias vezes no mesmo lugar e agora ele não faz mais isso. Ele já adquiriu mais firmeza então o traço dele já fica mais confiante. Se ele tiver que desenhar uma forma circular, ele já desenha de uma vez ao invés de ficar buscando o circulo. Essa parte de técnica, de fundamento está muito melhor”, contou.
Com esse incentivo que vem recebendo, Logan sonha em ser desenhista profissional, além de formar uma família. O garoto que inclusive participou de uma ação do projeto junto do artista Paulo Consentino, diz com convicção que o seu presente mudou com a participação no Instituto, mas que o seu futuro também poderá ser diferente.
“Eu não estava esperando nada disso, porque não achei que talvez o meu futuro pudesse ser assim. Mas eu gostei e o Instituto mudou em muitas coisas a minha vida. Aqui é igual a minha casa, eu não me sinto desprotegido. É a segurança mais bonita que eu já vi. Eu gosto de todo mundo, todos são legais. Aqui é como se fosse uma escola, uma casa, tudo é bom. E eu acho que se não fosse o Instituto eu não poderia despertar essa arte que eu tenho”, finalizou Logan com um discurso sincero e de quem descobriu o que o faz feliz e completo: o desenho.